Já é sabido que no final de 2021, a plataforma de streaming HBO Max irá disponibilizar And Just Like That…, um revival com dez episódios da série mundialmente famosa Sex and the City, que nos presenteou as icônicas Carrie Bradshaw, Charlotte York Goldenblatt, Miranda Hobbes e Samantha Jones.
As filmagens desta nova fase de Sex and the City estão a todo vapor na cidade de Nova York. Em breve, os fãs da série verão os retornos de Sarah Jessica Parker, Kristin Davis e Cynthia Nixon.
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(Observação: Kim Cattrall, que interpreta a sexualmente ativa Samantha Jones, não retornará para esta produção original da HBO Max)
Naturalmente, o(a) leitor(a) pode estar se questionando o porquê deste texto estar comentando sobre Sex and the City, se o objetivo é dissertar sobre a segunda temporada de Valéria, produção espanhola que já se encontra disponível no catálogo da Netflix.
Bom, é bem simples.
Valéria é a versão espanhola da série de sucesso americana. Troquem Nova York por Madrid. Pronto!
Pode ser que estejam imaginando se ambas produções são tão parecidas assim. Basta fazer uma análise dos quartetos retratados em cada uma destas narrativas para notar muitas (!) semelhanças entre estas.
E, isso não é algo negativo. Não, neste específico caso. Muito pelo contrário.
Em vista que, ao longo dos oito episódios desta segunda parte, testemunharemos jornadas individuais e coletivas energicamente vibrantes. Estabelecendo uma sensação de bem-estar geral.
Cada uma destas mulheres, lidam com problemas pessoais e situações diferentes, tornando esta série original Netflix um tanto mais atraente, pois observamos as transformações acontecendo.
No caso de Nerea (Teresa Riott), claramente a mais fria e seca entre as quatro amigas, veremos as dificuldades encontradas para arranjar um trabalho, assim como permitir que o amor entre na sua vida.
Na parte profissional, Nerea é julgada repetidamente por sua “inexperiência” no campo do Direito, levando-a questionar qual é seu real lugar, e se realmente está fazendo o que faz por ela, ou por outros?
Já, no campo emocional, ela é um bocado mais fechada, inacessível. Desta maneira, ver ela se abrir à novas possibilidades mostra-se algo cativante, especialmente por essa dose de ironia que carrega no trato com as pessoas.
Algo muito mais que bem-vindo em Valéria, de modo que personagens como Nerea costumam receber a pecha de chatos ou intolerantes. Tais adjetivos não poderiam estar mais distantes sobre quem é Nerea.
Quando analisamos Carmen (Paula Malia), notamos que seus problemas estão mais direcionados na sua relação com o namorado Borja (Juanlu González).
Vale exaltar, que alguns dos momentos mais cômicos nesta produção Netflix, aparecem desse choque de personalidades entre namorados. Logo no episódio ‘Parar de fugir’, que inicia esta segunda temporada, assistiremos uma divertidíssima discussão de ambos em um consultório dentista.
Mas, nem só de humor vive o casal, de forma que enfrentam problemas para fazer essa relação engatar a terceira marcha, gerando muitas frustrações na hiperativa Carmen.
Pelo casal, aprenderemos sobre os desafios de parceiros afetivos que trabalham juntos na mesma empresa e, de como isso influencia na relação doméstica.
Das quatro atrizes que estrelam Valéria da Netflix, uma destas merece um destaque diferenciado nesta segunda parte. Estamos falando de Silma López, que faz o papel da incansável Lola.
Não é o caso de dizer que López atua melhor que suas talentosas colegas de elenco, nada disso. Mas, a evolução de sua personagem é a que mais surpreende, principalmente nos episódios derradeiros.
Na primeira metade exibiu um carteado de nuances acentuado, transitando entre a empolgação e extrema vulnerabilidade.
Agora, no sétimo episódio ‘Piscar’ veremos a cena mais emotiva da atriz até o momento. Ela ficará frente a frente com um fantasma de seu passado, tentando analisar se conseguirá enterrar suas dores na busca por redenção.
Chegando na personagem-título, interpretada pela carismática Diana Gómez, que é a força motriz desta série original Netflix.
De todas as mulheres retratadas nessa trama, Valéria é a que vive na montanha-russa das emoções, todas juntas e misturadas, pesando o seu caminhar. Seja com Adri (Ibrahim Al Shami), seu ex-marido que ainda se mantém muito presente dentro de seu apartamento, ou no rolo que criou com Víctor (Maxi Iglesias),
Foi magnético acompanhar seu protagonismo, que começou esta segunda temporada praticamente no modo ‘drama queen’, contudo, enquanto vamos nos aproximando do final, sentimos toda a jornada da personagem.
A atriz Diana Gómez revela os momentos mais intensos de Valéria. Desta maneira, o assinante Netflix pode sentir uma porção maior de satisfação enquanto assiste a desajeitada jovem, florescer na confiante mulher que assumiu o controle de suas ações e pensamentos.
Dentre algumas falhas que podemos apontar em Valéria da Netflix, apenas uma destas merece ser comentada pelo nível de leviandade aplicado.
No início do episódio ‘Derretimento’, observaremos as quatro amigas se despedindo tarde da noite, e individualmente, a série apresentará algumas situações onde homens, de todo tipo e faixa etária, praticarão alguma forma de assédio sexual.
O que definitivamente é um momento de grande terror para as mulheres foi apresentado de forma irresponsável. Apesar do intuito em mostrar como funciona a rede de apoio feminina em cena, no caso, com as trocas de mensagens por celular para indicar a segurança delas próprias quando chegam em suas casas.
Porém, logo após a personagem-título ser assediada em um ponto de ônibus, chega na casa de seu parceiro, e já vai agarrando-o e despindo suas roupas como se nada (!) tivesse acontecido, acompanhada de uma música que visa exaltar a picância do casal.
Ainda bem, que tal momento é uma exceção nesta série espanhola que nos presenteia com quatro mulheres diferentes que são capazes de manter e glorificar com amor genuíno este laço de amizade.
Valéria é sobre mulheres e suas transformações, algo que possivelmente terá alcance entre as assinantes da plataforma Netflix, especialmente aquelas que aceitam olhar no espelho e, realizar que estão fazendo o melhor que podem por si mesmas.
E, caso não estiverem sempre no melhor das capacidades, sentir que nunca estarão sozinhas nesta hora, pois as amigas estão lá, apoiando e celebrando suas conquistas.